Para que haja vida se faz necessário haver movimento e mudança. Parece ser esta uma constatação óbvia. Mas ele andava descrente. Diante da repetição de padrões e regularidades parecia que as coisas estavam fixas, prontas e acabadas. Ele seguia num esforço perseverante, com resultados oscilantes. O cotidiano repetia cadenciadamente tudo aquilo que já tinha vivido. Observava que dessa vez nem mesmo os personagens eram outros. Diante de mais uma recusa, percebeu o quanto se colocava vulnerável frente aquela situação. Percorria um espaço-tempo marcado pelos mesmos fatos anteriores e novamente o que sentia acabara de o fazer concluir que ainda permanecia parado, sem obter consequências daquilo que vivera e novamente voltava a viver. Porém, por um milagre a salvação parecia agora vir em sua direção. Foi um lapso repentino, lento, sofrido que o fez perceber que a mudança estava acontecendo em si mesmo. Mas ainda faltava-lhe um ato de rebeldia, de libertação e de rompimento. A ilusão o deixava imóvel e assumia uma forma perturbadora. Não era esperança, era mesmo ilusão. Um mundo fictício tomava o lugar da realidade e ele depositava toda a sua confiança em segundos seguintes. Exausto, já não sabia mais o que fazer. Percebia que não havia mais como tentar e/ou dizer. A grande verdade é que todas as suas súplicas estabelecidas de forma variada eram apenas ecos de pedidos sem escuta. Sendo assim, deixou o cansaço físico e mental tomar conta de si mesmo. Cansado ele adormeceu na esperança de, verdadeiramente, acordar e perceber a vida. Perceber que sua salvação não está no movimento das coisas e nem tão pouco em uma mudança externa. Sua salvação está nele próprio, em seu movimento e em sua própria mudança.
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