sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

Ele fez o de costume, sem qualquer tipo de esperança. A recusa já se tornara habitual. E talvez isso despertasse nele um sentimento grande de menos valia. Diante do dia quente, de um calor sem tréguas, sentia o fervor de suas ideias. Ideias rasas, sem importância. Talvez, faltava-lhe substância. E ali seguia submisso e fiel ao seu sentimento unilateral que o aprisionara. O que mais lhe chateava era ter consciência dos fatos e verificar que a impossibilidade era a realidade que se mantinha. Por alguns instantes, diante da paisagem, lembrou-se de outros tempos e quase deixou-se tomar por certo arrependimento. Mas as escolhas já tinham sido feitas e agora tudo parecia ao encargo do tempo. Tempo que em breve terá sua hora atrasada o que não significa, infelizmente, poder voltar ao passado e reconstruir o que havia deixado se perder. Enfim, sem esperança, ele tenta esquecer e aposta todas as suas fichas, no que sempre lhe salvou: no tempo e na distância. Agora, seus olhos demonstram todo o seu cansaço e a noite sem ruídos avança. Em pensamento repete apenas o refrão: ... se existe Deus em agonia, manda logo essa cavalaria, porque hoje a fé me abandonou. 


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